(Amor Invertido, Maximiliano Souza. MODO Editora, 2012. 227 p.)
Esse é outro desses típicos
romances que parecem ter seus enredos criados a partir da velha receita básica.
Diego sai da pequena cidade de Bonito e vai morar com a irmã na grande São
Paulo, com pretensão de cursar a faculdade. Entretanto, o que se pode esperar,
ele se envolve com Vinícius, um fotógrafo rico e já conhecido da família.
De todas as tentativas de criar
uma reviravolta para o casal do livro o autor esbarra nas já corriqueiras
situações das novelas globais. Diego não acredita poder se apaixonar por um
homem e em seu discurso referisse à homossexualidade do vizinho de apartamento
como “anormalidade” e empreende por vezes um pensamento preconceituoso. Narrado
em primeira pessoa, a voz da protagonista conduz a narrativa basicamente por
uma visão preconceituosa, não somente à questão da sexualidade como também à
racial.
O autor tenta por vezes criar um
drama psicológico para a protagonista, mas morre na voz juvenil fora do
contexto. As introduções de narrativas secundares são superficiais e ganham
pouca relevância ao enredo central, o que parece ser de extrema importância. O
passado das personagens, por exemplo, não é trabalhado e fica restrito à visão
nada panorâmica do narrador-personagem.
“Quer dizer, eu era uma pessoal NORMAL. Já tinha tido várias namoradas.
Inclusive já havia dormido com algumas.”
Quanto ao tema homossexualidade, temos Diego certo de
sua sexualidade, mas abalado ao primeiro contato com Vinícius. A resistência
está ligada à sua consciência preconceituosa e vê no vizinho a personificação
de um desejo físico incompreendido. A mente não aceita as necessidades do
corpo. Vinícius nutria uma velha obsessão por Júlio, irmão de Diego, morto anos
atrás. O amor platônico acabou por transformá-lo em um maníaco que espalha
fotos do outro pelo quarto.
“Não queria ser anormal. O que havia me deixado curioso a princípio era
saber qual dos sentimentos era mais forte: meu instinto ou meu medo.”
Existe, então, a dualidade entre
o que aceita com naturalidade a homossexualidade e o que abomina e tem receio
que as pessoas descubram. Uma cena para descrever um ato homofônico, se já não
bastasse os da protagonista, é apresentado no final do livro e parece um
daqueles pedidos editoriais para tornar a obra vendável e condizente com nossa
realidade. Algo recebido sem importância pelas personagens tanto quanto para o
leitor. (A criatividade no caso foi tamanha que o autor só repetiu o caso das
lâmpadas florescentes).
Outra introdução malsucedida do
autor está no relacionamento da irmã de Diego, Juliete. Ela mantém sentimentos
por um afrodescendente. Novamente nos deparamos com o discurso preconceituoso
da protagonista que em um dado momento referisse a ele como “bicho raro”, entre
outras denominações. Se tudo não passa de um equívoco inicial não é apresentado
nenhum diálogo de aceitação.
A linguagem é bastante juvenil a
um livro que pertence a um selo especial para obras que abordem o tema
homossexualidade, dedicado a adultos. Durante toda a leitura, o leitor encontra
erros de revisão, como palavras com grafia errada e acentuação longe das novas
normas ortográficas.
Enfim, uma mísera estrela sem
recomendações.
Cara, é praticamente a mesma história de Junjou Romantica... É baseado lá?
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