quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Resenha - Amor Invertido, Maximiliano Souza


(Amor Invertido, Maximiliano Souza. MODO Editora, 2012. 227 p.)

Esse é outro desses típicos romances que parecem ter seus enredos criados a partir da velha receita básica. Diego sai da pequena cidade de Bonito e vai morar com a irmã na grande São Paulo, com pretensão de cursar a faculdade. Entretanto, o que se pode esperar, ele se envolve com Vinícius, um fotógrafo rico e já conhecido da família.

De todas as tentativas de criar uma reviravolta para o casal do livro o autor esbarra nas já corriqueiras situações das novelas globais. Diego não acredita poder se apaixonar por um homem e em seu discurso referisse à homossexualidade do vizinho de apartamento como “anormalidade” e empreende por vezes um pensamento preconceituoso. Narrado em primeira pessoa, a voz da protagonista conduz a narrativa basicamente por uma visão preconceituosa, não somente à questão da sexualidade como também à racial.

O autor tenta por vezes criar um drama psicológico para a protagonista, mas morre na voz juvenil fora do contexto. As introduções de narrativas secundares são superficiais e ganham pouca relevância ao enredo central, o que parece ser de extrema importância. O passado das personagens, por exemplo, não é trabalhado e fica restrito à visão nada panorâmica do narrador-personagem.

“Quer dizer, eu era uma pessoal NORMAL. Já tinha tido várias namoradas. Inclusive já havia dormido com algumas.”

Quanto ao tema homossexualidade, temos Diego certo de sua sexualidade, mas abalado ao primeiro contato com Vinícius. A resistência está ligada à sua consciência preconceituosa e vê no vizinho a personificação de um desejo físico incompreendido. A mente não aceita as necessidades do corpo. Vinícius nutria uma velha obsessão por Júlio, irmão de Diego, morto anos atrás. O amor platônico acabou por transformá-lo em um maníaco que espalha fotos do outro pelo quarto.

“Não queria ser anormal. O que havia me deixado curioso a princípio era saber qual dos sentimentos era mais forte: meu instinto ou meu medo.”

Existe, então, a dualidade entre o que aceita com naturalidade a homossexualidade e o que abomina e tem receio que as pessoas descubram. Uma cena para descrever um ato homofônico, se já não bastasse os da protagonista, é apresentado no final do livro e parece um daqueles pedidos editoriais para tornar a obra vendável e condizente com nossa realidade. Algo recebido sem importância pelas personagens tanto quanto para o leitor. (A criatividade no caso foi tamanha que o autor só repetiu o caso das lâmpadas florescentes).   
Outra introdução malsucedida do autor está no relacionamento da irmã de Diego, Juliete. Ela mantém sentimentos por um afrodescendente. Novamente nos deparamos com o discurso preconceituoso da protagonista que em um dado momento referisse a ele como “bicho raro”, entre outras denominações. Se tudo não passa de um equívoco inicial não é apresentado nenhum diálogo de aceitação.

A linguagem é bastante juvenil a um livro que pertence a um selo especial para obras que abordem o tema homossexualidade, dedicado a adultos. Durante toda a leitura, o leitor encontra erros de revisão, como palavras com grafia errada e acentuação longe das novas normas ortográficas.


Enfim, uma mísera estrela sem recomendações.                      

Um comentário:

  1. Cara, é praticamente a mesma história de Junjou Romantica... É baseado lá?

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