"Quando o amor se vai, é lembrado não como amor, mas como algo diferente."
E.M.Forster
Forster começou a escrever sua obra em
1913 e a terminou em 1914, dedicando-a a um ano mais feliz. Enquanto Woolf
iniciaria O Quarto de Jacob em 1920,
o publicando em 27 de Outubro de 1922. Porém ambas trazem traços muito
recorrentes. Em primeiro lugar devemos destacar a homossexualidade das
personagens. Em Maurice o assunto é
tratado de uma forma mais explícita, no romance de Maurice e Clive. Isso talvez
explique o porquê do editor de Forster achar melhor não publicar a obra, fato
que só veio a acontecer depois de sua morte. O autor atribui o arquivamento ao
seu otimismo para com a sua personagem principal, “Maurice talvez escape.” Ao contrário percebemos a sexualidade de Jacob
muito raramente em passagens da narrativa ou em observações enfatizadas por
personagens secundários.
Entre estes existe Cambridge, símbolo de
conhecimento dos ingleses da época e tanto Maurice quanto Jacob frequentam
aulas no campus, criando ali muitas de suas concepções de vida. Os autores
também privam seus personagens da presença paterna, possuindo em suas mães
fonte de inspiração. (Ainda pretendo ler mais obras com esse assunto para
avaliar se sempre a presença paterna é vista como um trauma para personagens
contrariados em suas sexualidades.)
"Uma paixão completamente centrada em si recusa o resto do mundo tal como a água límpida e calma filtra todas as matérias estranhas."
Virginia Woolf
Um ponto que não posso deixar de notar é a
forte presença dos gregos e suas filosofias. Forster cria Clive como um
admirador dos gregos e quando este viaja para a Grécia pretende ali encontrar
explicações, entretanto apaixona profundamente por uma mulher, para a decepção
de Maurice que vê o final do relacionamento se consolidando. Jacob também viaja
para o país, contrariando o amigo Bonamy, e tem uma breve passagem com uma
mulher.
O que difere aos autores são os destinos
atribuídos às personagens. Forster acredita profundamente em Maurice e lhe dá
um final feliz, deixando que talvez ele escapasse da sociedade um tanto
restrita na época à homossexualidade. É preciso denotar que E.M.Forster era
homossexual, uma explicação para sua personagem. Quanto a Woolf, ela escreveu o
romance ao irmão que havia morrido de tifo e eles participavam das reuniões do grupo
Bloomsbury, cujas relações entre
membros eram muitas vezes liberais.
Infiro, então, que ambos os autores se
libertaram das amarras para escrever romances belíssimos de serem lidos. Tanto
Maurice quanto Jacob dizem que o amor acima de qualquer sentimento será mais
forte que as ditaduras impostas por nossa sociedade.
Acho que a transgressão das regras sociais está presente na literatura desde sempre, essa é uma das grandes contribuições dos grandes autores: adiantar e trazer para o debate temas proibidos. Nada melhor que uma discussão para quebrar tabus.
ResponderExcluirParabéns, seu texto desperta curiosidade e dá vontade de mergulhar nos livros imediatamente. Esse papel deve ser exercido por quem conhece a complexidade dos autores clássicos e consegue , através de uma linguagem acessivel, mostrar a essência das obras. Vou seguir seu escritos com muita atenção, gostei .
ResponderExcluirContinue, Você esta prestando um grande serviço a nós e à literatura de qualidade.
@Sulains