domingo, 12 de janeiro de 2014

"Ela", Machado de Assis



Por Shely Adna

Dentre as muitas faces que possui uma delas é ser poeta, aos 16 anos ficou bem claro que isso daria muito certo, Joaquim Maria Machado é o nome dele. O primeiro poema quis ele intitular “Ela” publicado no jornal Marmota Fluminense em 12/01/1855, assinava ainda Machadinho.

Nem um pouco especialista em analisar poemas, ouso eu dizer que Machadinho estava por sentir os primeiros toques de alguma paixão,  mas não, Machado de Assis não foi namorador, casou-se uma única vez com sua Carola com quem ganharia o mundo, foi uma grande incentivadora de sua obra e esta união mantivera-se por 35 anos.

O poema “Ela” traz certa inocência tanto quanto poderia escrever um rapazote, mas traz também riqueza na estruturação a qual não se esperaria fosse este um rapaz comum.  “Ela” de quem fala Machadinho pode ser uma moça comum, talvez uma colega de classe, talvez uma vizinha que servira de inspiração pra criação de versos muito sólidos e descritivos, imagina-se uma moça muito bonita e de belo sorriso, comparada a um anjo a quem o jovem suspira por atenção e amor. Apesar de todo esse romantismo no ar, as palavras do poeta são recheadas de realismo e descrição detalhadas, observado em grande parte de sua obra, o que o qualificou em seus romances como escritor realista.

Leiam Machado de Assis.


ELA

Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor

Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em doce poesia
Ao meu terno coração!

Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.

Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um -sim-
P’ra alívio do coração!
Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,

Faz-lhe gozar teu portento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!


(Machado de Assis)


Shely Adna é uma das participantes do Desafio "Um autor para 2014" que estreia no dia 07 de fevereiro. Ela apresentará a obra de Machado de Assis para os leitores do blog.

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