sábado, 25 de outubro de 2014

Resenha - Mulheres que não sabem chorar, Lilian Farias


“They're walking around / Head full of sound / Acting like / We don't exist / They walk in the room / And stare right through you / Talking like / We don't exist / But we exist”

Não é por acaso que inicio minha resenha com um trecho da música “We Exist” da banda canadense Arcade Fire. A canção traça um conturbado relacionamento social na visão de um, e agora me permito restringir, homossexual. Se seguirmos a leitura de toda a letra percebemos que esse ser visto como alheio aos demais não merece ser limitado somente à sexualidade. Em uma tradução literal temos:  “Eles estão andando por aí / Com a cabeça cheia / Agindo como se / Nós não existíssemos / Entram na sala / E olham para você / Falando como se / Nós não existíssemos / Mas nós existimos.”

Num primeiro momento a letra da música leva-nos a pensar nas mulheres desse romance. O que sabemos sobre elas é que não sabem chorar e quando embarcamos em seus sentimentos nos encontramos no limite da condição social e ética do ser humano. Estão prestes a explodir, sem muitas esperanças... mas ainda sim, descobrem algo que somente elas podem compartilhar. Uma força que leva essas mulheres a buscarem pela felicidade e Lilian Farias me parece não escrever de uma felicidade utópica, mas palpável.  

“Emanamos amor, dor, tristeza. Emanamos alegria, força, vitalidade. Somos resistentes a esse mundo cão. Protegida por nossos espinhos.”

O “mundo cão” é o mundo que nós lemos nas páginas dos jornais, que a televisão reproduz em seus noticiários e reinventam em suas novelas e que nesse romance é cruel, sangrento, incontrolável.

“Pouco importava o que Marisa seria, mas o que ela deixou de ser.”

As mulheres desse romance são muitas e vivem na figura das protagonistas, Marisa e Olga. Elas lutam para compreender a fonte inesgotável de sentimentos, o fluxo constante de consciência e o amor. Um amor que mesmo em um mundo futurístico encontra barreiras de um pensamento hipócrita cultuado ainda hoje.

“Por muitos anos, realidade e fantasia não se entendiam, esse rompimento do ilusório causado pelo álcool na vida de Olga salvou-a das farsas do vício.”

Lilian Farias não tem somente um ponto de partida e o leitor não vai encontrar um ponto final. Entre milhões de possibilidades da primeira página outras milhões ressurgirão ao final da leitura. A narrativa merece suas surpresas e o leitor emocionar-se, rir e descobrir o mundo de Marisa e Olga.


Essas palavras escritas sobre o romance estão ali na superfície do título e as aventuras pelo texto são rarefeitas. Espero que o leitor aqui ou já dentro do texto possa descobrir novos caminhos para a narrativa.  

Um comentário:

  1. Oi!

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    Agradeço a visita!
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    Um beijo :)

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