quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A vida sexual e afetiva de Virginia Woolf




As desajeitadas investidas sexuais de seu meio-irmão mais velho, George Duckworth, que também tentou a mesma tática com sua irmã Vanessa, podem ter se constituído nos motivos que afastaram Virginia Woolf de sexo. Essas investidas também podem ser a razão pela qual ela aceitou a princípio, a proposta de casamento de Lytton Strachey. Depois, ambos pensaram melhor no assunto, “momento embaraçoso” e “repulsivo”, segundo palavras que Strachey usou para descrever o episódio e eles se separaram. Foi, provavelmente, uma sábia decisão, embora eles pudessem ter formado um par ideal, dadas as conhecidas preferências sexuais de Strachey e a frigidez de Virginia. Se tivessem se casado teriam formado, certamente, o par literário da época. Strachey escreveu a seu amigo Leonardo Woolf, sugerindo que ele voltasse do Ceilão e se casse com Virginia, o que ele acabou fazendo. O casamento com Leonardo aparentemente melhorou sua já delicada saúde, particularmente sua saúde mental, que se deteriorou de tal forma que ela sofreu diversos colapsos nervosos, que culminaram numa tentativa de suicídio um ano após o casamento. Virginia também se sentia atraída por mulheres fortes, difíceis, que davam a impressão de ambivalência, embora seus sentimentos não fossem correspondidos. Antes de seu casamento houve Violet Dickinson; depois, Katherine Mansfield e, em seguida, Vita Sackville West. Foi com a safista Vita que Virginia teve seu caso mais apaixonado e seus sentimentos correspondidos, começando com Vita fascinada e terminando com Virginia abandonada. O personagem Orlando, do livro de Virginia que tem o mesmo nome e que troca de sexo, é baseado em Vita SackvilleWest e, ironicamente, foi este livro, escrito às pressas, numa disposição mais alegre que a habitual, que acabou por se tornar seu primeiro sucesso. A próxima dame formidable  foi a compositora anciã e surda Ethel Smyth, mas, neste último caso, não houve envolvimento físico, embora existisse paixão. A volta dos sintomas que Virginia sabia que pressagiavam a loucura foi outro convite ao suicídio, desta vez, bem-sucedido.

ABELSON, Edward. A vida sexual e afetiva dos gênios. Tradução de Marli Berg. Rio de Janeiro : Record : Rosa dos Tempos, 1995. P. 129 - 130.     

Lytton Strachey e Virginia Woolf




Uma nova edição de “Orlando” tem lançamento previsto para 30 de janeiro de 2014 pela Companhia das Letras no selo Penguin. O responsável pela tradução foi o Jorio Dauster.


A edição inclui, também, introdução e notas de Sandra Gilbert, especialista em estudos de gênero e literatura inglesa, e uma brilhante crônica-ensaio de Paulo Mendes Campos, um dos grandes leitores brasileiros da obra de Virginia Woolf.


Um comentário:

  1. Muito bom!!! Virginia Wolf é o drama na carne de gente.
    Shely

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