As desajeitadas investidas
sexuais de seu meio-irmão mais velho, George Duckworth, que também tentou a
mesma tática com sua irmã Vanessa, podem ter se constituído nos motivos que
afastaram Virginia Woolf de sexo. Essas investidas também podem ser a razão
pela qual ela aceitou a princípio, a proposta de casamento de Lytton Strachey.
Depois, ambos pensaram melhor no assunto, “momento embaraçoso” e “repulsivo”,
segundo palavras que Strachey usou para descrever o episódio e eles se
separaram. Foi, provavelmente, uma sábia decisão, embora eles pudessem ter
formado um par ideal, dadas as conhecidas preferências sexuais de Strachey e a
frigidez de Virginia. Se tivessem se casado teriam formado, certamente, o par
literário da época. Strachey escreveu a seu amigo Leonardo Woolf, sugerindo que
ele voltasse do Ceilão e se casse com Virginia, o que ele acabou fazendo. O
casamento com Leonardo aparentemente melhorou sua já delicada saúde, particularmente
sua saúde mental, que se deteriorou de tal forma que ela sofreu diversos
colapsos nervosos, que culminaram numa tentativa de suicídio um ano após o
casamento. Virginia também se sentia atraída por mulheres fortes, difíceis, que
davam a impressão de ambivalência, embora seus sentimentos não fossem
correspondidos. Antes de seu casamento houve Violet Dickinson; depois,
Katherine Mansfield e, em seguida, Vita Sackville West. Foi com a safista Vita que Virginia teve seu caso
mais apaixonado e seus sentimentos correspondidos, começando com Vita fascinada
e terminando com Virginia abandonada. O personagem Orlando, do livro de
Virginia que tem o mesmo nome e que troca de sexo, é baseado em Vita
SackvilleWest e, ironicamente, foi este livro, escrito às pressas, numa
disposição mais alegre que a habitual, que acabou por se tornar seu primeiro
sucesso. A próxima dame formidable foi a compositora anciã e surda Ethel Smyth,
mas, neste último caso, não houve envolvimento físico, embora existisse paixão.
A volta dos sintomas que Virginia sabia que pressagiavam a loucura foi outro
convite ao suicídio, desta vez, bem-sucedido.
ABELSON, Edward. A vida sexual e afetiva dos gênios. Tradução
de Marli Berg. Rio de Janeiro : Record : Rosa dos Tempos, 1995. P. 129 - 130.
Uma nova edição de “Orlando”
tem lançamento previsto para 30 de janeiro de 2014 pela Companhia das Letras no
selo Penguin. O responsável pela tradução foi o Jorio Dauster.
A edição inclui, também,
introdução e notas de Sandra Gilbert, especialista em estudos de gênero e
literatura inglesa, e uma brilhante crônica-ensaio de Paulo Mendes Campos, um
dos grandes leitores brasileiros da obra de Virginia Woolf.
Muito bom!!! Virginia Wolf é o drama na carne de gente.
ResponderExcluirShely