“A
Virginia Woolf me impressiona, simples assim. Eu acho de extrema importância
tudo o que ela escreve, desde o estilo literário ao tema de suas obras, tudo é,
para mim, de pura beleza.”
Francine Ramos é uma leitora
apaixonada pela obra da Virginia Woolf e se você tiver dúvida disso é só
visitar o blog dela “Livro & Café”. Formada em letras, ela conversou com
Odisseia e contou um pouco sobre suas experiências na obra da escritora inglesa
grande nome do modernismo.
(A
Odisseia...) Como você descobriu a obra de Virginia
Woolf?
Acredito que faz mais de 10
anos. Eu estava no 1º ano de Ciências Contábeis e a professora de Sociologia
pediu para fazermos uma pesquisa na biblioteca. Infelizmente eu não lembro em
qual livro foi, mas havia uma frase lá, logo nas primeiras páginas do livro, da
Virginia Woolf, até então desconhecida para mim, e eu fiquei profundamente
maravilhada com a frase, lembro que era algo sobre a sociedade, desconfio que
era alguma frase do livro “Profissões para mulheres e outros artigos
feministas” ou “O leitor comum”. Um dia lembrarei dessa frase. Já até pensei em
voltar na biblioteca e pedir os registros antigos, ver se encontro a minha
ficha, para saber qual foi o livro que me salvou. Porque se leio tanto hoje, é
tudo culpa da Virginia Woolf. rs
(A
Odisseia...) Depois de ler o primeiro livro o que te
incentivou a continuar a ler as obras da autora?
Eu comecei lendo os contos,
alguns pela internet mesmo, mas lembro que fiquei maravilhada com “A marca na
parede”, que está no livro Contos Completos, da editora CosacNaify. A Virginia
Woolf me impressiona, simples assim. Eu acho de extrema importância tudo o que
ela escreve, desde o estilo literário ao tema de suas obras, tudo é, para mim, de
pura beleza. E também o aprendizado que ela me traz. Eu brinco com os meus amigos
que ela é minha santa! Santa Vivi, mas só para os íntimos! rs
(A
Odisseia...) Qual o seu título favorito? Por quê?
Se você me perguntasse há
dois anos atrás, eu responderia Orlando, pois adoro o clima que Virginia
imprimiu no livro, um ar leve, descontraído, que sempre me agradou, com uma
história surpreendente. E também por fugir do estereótipo de que ela era
depressiva, e triste. (Quem estuda a obra dela sabe o quanto ela era bem
humorada e feliz). Mas hoje, o livro que está no meu coração é Mrs. Dalloway,
pois foi um livro que demorei para entender, mas na terceira leitura, com a
edição que a Editora Autêntica lançou, a história fluiu perfeitamente para mim,
a tradução do Tomaz Tadeu está um primor! E por isso foi possível entender a
obra. Mrs Dalloway é a história de uma mulher, apenas um dia da vida dela, mas
também é a história do mundo todo; de todos os dias; de como a vida é bela,
mágica e trágica.
(A
Odisseia...) Você lê autores que foram influência ou
influenciados por Virginia Woolf? Quais?
Eu preciso ler Shakespeare! Eu
li algumas peças deles quando eu era adolescente, mas preciso reler, pois ele
era o escritor que ela mais admirava, sem dúvida. Há uma frase dela assim
“tenho pena dos pobres que não leem Shakespeare”. Virginia Woolf tem pena de
mim, mas vou consertar isso!
(A
Odisseia...) Qual a influência da Virginia Woolf na sua
vida?
Total. Ela, de verdade, me
fez ter coragem para mudar muitas coisas em minha vida, questões profissionais
e pessoais.
(A
Odisseia...) Para o leitor que pretende começar a ler
Virginia Woolf, qual seria sua indicação?
Virginia Woolf é uma
escritora difícil, sempre digo, mas isso não faz dela chata, tampouco careta.
Eu digo difícil por experiência própria. Lembro que, assim que comecei a ler os
livros dela, peguei As Ondas e, claro, não entendi bulhufas! Aquilo era demais
pra mim. Eu lia, lia, voltava para primeira página, lia, lia, e voltava tudo de
novo... eu achava cada frase linda, perfeita, mas minha mente não as processavam
como um todo, como um romance.
Abandonei As Ondas e comecei
a ler Noite e Dia, o segundo romance dela, aí sim consegui terminar e foi uma
leitura deliciosa!
O que acontece é: Virginia
Woolf, quando começou a escrever, estava presa aos pedidos da editora, ao molde
da época do que era considerado um bom romance, ou seja, a estrutura de suas
histórias eram como os clássicos (Jane Austen, por exemplo). Então, para quem
está começando e não está acostumado com o fluxo de consciência, a técnica que
ela usou, que funciona como se o narrador estivesse navegando pela mente dos
personagens o tempo todo, é bom pegar os romances com essa estrutura mais
tradicional: Noite e Dia, A Viagem, Flush, Orlando... E também ler os contos,
os ensaios... Depois é partir para O quarto de Jacob (o primeiro que ela escreveu
sem se preocupar com a editora, pois ela e o marido compraram uma, e onde já se
pode ver a técnica do fluxo de consciência) Mrs Dalloway, Ao Farol, As Ondas,
etc.
(A Odisseia...) Se
pudesse resumir a obra de Woolf em uma palavra, qual seria?
Perfeição.
Ótima entrevista! E o orgulho de ser amigo de uma Woolfiana - ou virginiana? :-) Sempre válido incentivar a leitura de Virginia no Brasil.
ResponderExcluirA literatura ganhou novas dimensões com as narrativas de Virginia. E, também, existem dizeres de que a "terra mágica" de "A viagem", primeiro romance da autora, seja o Brasil.
ExcluirAdorei a entrevista, muito boa mesmo!!! É sempre um prazer conhecer os amantes de literatura. Me inspirou a não desistir de Mrs Dalloway(rs), e aumentou a minha curiosidade em ler Orlando.
ResponderExcluirShely