“They're walking around / Head full of sound / Acting
like / We don't exist / They walk in the room / And stare right through you / Talking
like / We don't exist / But we exist”
Não é por acaso que inicio minha
resenha com um trecho da música “We Exist” da banda canadense Arcade Fire. A canção
traça um conturbado relacionamento social na visão de um, e agora me permito
restringir, homossexual. Se seguirmos a leitura de toda a letra percebemos que
esse ser visto como alheio aos demais não merece ser limitado somente à
sexualidade. Em uma tradução literal temos:
“Eles estão andando por aí / Com a cabeça cheia / Agindo como se / Nós
não existíssemos / Entram na sala / E olham para você / Falando como se / Nós
não existíssemos / Mas nós existimos.”
Num primeiro momento a letra da
música leva-nos a pensar nas mulheres desse romance. O que sabemos sobre elas é
que não sabem chorar e quando embarcamos em seus sentimentos nos encontramos no
limite da condição social e ética do ser humano. Estão prestes a explodir, sem
muitas esperanças... mas ainda sim, descobrem algo que somente elas podem
compartilhar. Uma força que leva essas mulheres a buscarem pela felicidade e
Lilian Farias me parece não escrever de uma felicidade utópica, mas palpável.
“Emanamos amor, dor,
tristeza. Emanamos alegria, força, vitalidade. Somos resistentes a esse mundo
cão. Protegida por nossos espinhos.”
O “mundo cão” é o mundo que nós
lemos nas páginas dos jornais, que a televisão reproduz em seus noticiários e
reinventam em suas novelas e que nesse romance é cruel, sangrento,
incontrolável.
“Pouco importava o
que Marisa seria, mas o que ela deixou de ser.”
As mulheres desse romance são
muitas e vivem na figura das protagonistas, Marisa e Olga. Elas lutam para
compreender a fonte inesgotável de sentimentos, o fluxo constante de consciência
e o amor. Um amor que mesmo em um mundo futurístico encontra barreiras de um
pensamento hipócrita cultuado ainda hoje.
“Por muitos anos,
realidade e fantasia não se entendiam, esse rompimento do ilusório causado pelo
álcool na vida de Olga salvou-a das farsas do vício.”
Lilian Farias não tem somente um
ponto de partida e o leitor não vai encontrar um ponto final. Entre milhões de
possibilidades da primeira página outras milhões ressurgirão ao final da
leitura. A narrativa merece suas surpresas e o leitor emocionar-se, rir e descobrir
o mundo de Marisa e Olga.
Essas palavras escritas sobre o
romance estão ali na superfície do título e as aventuras pelo texto são
rarefeitas. Espero que o leitor aqui ou já dentro do texto possa descobrir
novos caminhos para a narrativa.
Oi!
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Um beijo :)