Por Taynara Cruz
Gabriel
García começa sua primeira obra publicada nos introduzindo a um suicídio, em
que o cadáver de um médico é desprezado pela população de Macondo, que tenta
impedir o enterro. Mas, um velho coronel, que tinha o prometido que o
enterraria se dispõe a ajudar. Ele chama sua filha Isabel e seu neto, uma
criança, para ajudá-lo.
O livro é narrado por estas três
pessoas – o coronel, sua filha e seu neto. Gabriel García Márquez nos concede a
oportunidade de vivenciar três perspectivas sobre o mesmo fato, uma vez que os
três narradores, em alguns momentos, descrevem o mesmo acontecimento um após o
outro, e na medida em que a história é contada, o leitor vai juntando os
quebra-cabeças para entendê-la.
Em certo momento da narrativa, o
médico desconhecido chega à casa do velho coronel e o pede abrigo, que lhe é
concedido imediatamente. O estranho vive nesta casa durante nove anos até que a
empregada da casa engravida e o pai pode ser o médico. Ele muda para outra casa
e leva a empregada, mas a única pessoa que sabe da gravidez é o velho coronel.
Quando a população precisa do médico por causa dos feridos da guerra, este se
recusa a ajudar e é por isso que o povo de Macondo o odeia.
A obra é uma crítica à sociedade.
Pelo fato de o médico não ajudar o povo, o povo não o presta condolências em
sua morte e até dificulta seu enterro. Isso mostra que as atitudes do ser
humano estão condicionadas às atitudes do outro.
Gabriel García desenvolve o livro
aos poucos, o que força o leitor a não apenas ler, mas juntar as informações -
característica que mais me chamou atenção. Neste caminho algumas lacunas não
são preenchidas, algo que pode causar desconforto a algumas pessoas. Para mim,
essa falta de explicação pode ter sido proposital para fazer mais uma crítica
ao ser humano: Não temos que conhecer a vida do outro por completo, o que deve
nos interessar é a nossa própria história.
“A revoada” confirmou em mim o
desejo pelo desafio.
Acompanhem as novidades do desafio na Tag: Um autor para 2014.
Cara Taynara,
ResponderExcluirGostei da sua interpretação acerca das lacunas da história.
De antemão, confesso que estou no grupo dos que sentiram desconforto. Foi esse desconforto, aliás, que me motivou a buscar esse blog e outros, na tentativa de entender (ou adivinhar) ou que não foi esclarecido no livro.
Contudo, sua percepcção me fez refletir. Concordo com o que disse e acrescento: a sensação que fica é de que precisamos saber dos fatos da vida alheia, porque precisamos de subsídio para jugar as pessoas.
Contrariando essa tendência "natural", o coronel acolhe um homem estranho e se sente humanamente ligado a ele, sem sequer saber seu nome e sua real origem (e sem nunca ter efetivamente se interessado em perguntá-lo como se chamava e de onde veio).
Por fim, o coronel foi o único da cidade a não julgar o médico, com base nos fatos e nas aparências, e isso garantiu a lealdade do médico que veio a salvar sua vida.