quinta-feira, 6 de março de 2014

A revoada, Gabriel García Márquez



Por Taynara Cruz


Gabriel García começa sua primeira obra publicada nos introduzindo a um suicídio, em que o cadáver de um médico é desprezado pela população de Macondo, que tenta impedir o enterro. Mas, um velho coronel, que tinha o prometido que o enterraria se dispõe a ajudar. Ele chama sua filha Isabel e seu neto, uma criança, para ajudá-lo.

O livro é narrado por estas três pessoas – o coronel, sua filha e seu neto. Gabriel García Márquez nos concede a oportunidade de vivenciar três perspectivas sobre o mesmo fato, uma vez que os três narradores, em alguns momentos, descrevem o mesmo acontecimento um após o outro, e na medida em que a história é contada, o leitor vai juntando os quebra-cabeças para entendê-la.

Em certo momento da narrativa, o médico desconhecido chega à casa do velho coronel e o pede abrigo, que lhe é concedido imediatamente. O estranho vive nesta casa durante nove anos até que a empregada da casa engravida e o pai pode ser o médico. Ele muda para outra casa e leva a empregada, mas a única pessoa que sabe da gravidez é o velho coronel. Quando a população precisa do médico por causa dos feridos da guerra, este se recusa a ajudar e é por isso que o povo de Macondo o odeia.

A obra é uma crítica à sociedade. Pelo fato de o médico não ajudar o povo, o povo não o presta condolências em sua morte e até dificulta seu enterro. Isso mostra que as atitudes do ser humano estão condicionadas às atitudes do outro.

Gabriel García desenvolve o livro aos poucos, o que força o leitor a não apenas ler, mas juntar as informações - característica que mais me chamou atenção. Neste caminho algumas lacunas não são preenchidas, algo que pode causar desconforto a algumas pessoas. Para mim, essa falta de explicação pode ter sido proposital para fazer mais uma crítica ao ser humano: Não temos que conhecer a vida do outro por completo, o que deve nos interessar é a nossa própria história.


“A revoada” confirmou em mim o desejo pelo desafio.


Acompanhem as novidades do desafio na Tag: Um autor para 2014. 

Um comentário:

  1. Cara Taynara,

    Gostei da sua interpretação acerca das lacunas da história.
    De antemão, confesso que estou no grupo dos que sentiram desconforto. Foi esse desconforto, aliás, que me motivou a buscar esse blog e outros, na tentativa de entender (ou adivinhar) ou que não foi esclarecido no livro.
    Contudo, sua percepcção me fez refletir. Concordo com o que disse e acrescento: a sensação que fica é de que precisamos saber dos fatos da vida alheia, porque precisamos de subsídio para jugar as pessoas.
    Contrariando essa tendência "natural", o coronel acolhe um homem estranho e se sente humanamente ligado a ele, sem sequer saber seu nome e sua real origem (e sem nunca ter efetivamente se interessado em perguntá-lo como se chamava e de onde veio).
    Por fim, o coronel foi o único da cidade a não julgar o médico, com base nos fatos e nas aparências, e isso garantiu a lealdade do médico que veio a salvar sua vida.

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