quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Tempo, O Vento e a História por Cris Aragão


O Tempo e o Vento - 4 volumes



- O Continente
- O Retrato
- O Arquipélago I
- O Arquipélago II

"Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão quieta e deserta parecia um cemitério abandonado. Era tanto o silêncio e tão leve o ar, que se alguém aguçasse o ouvido talvez pudesse até escutar o serno na solidão."

Assim começa a narrativa que conta a saga da família Terra, pequenos estancieiros do Rio Grande do Sul, até se transformar numa das famílias mais influentes da cidade de Santa Fé, a família Terra Cambará. Ao mesmo tempo temos a história do próprio estado sulista, desde Os Sete Povos das Missões, aldeamentos fundados pelos Padres Jesuitas e localizados em área originalmente pertencente à Coroa Espanhola até a época do Estado Novo; passando pela Guerra do Paraguai, pela Revolução Farroupilha e pela influência dos imigrantes europeus na região.

As figuras femininas são particurlarmente fortes nessa trajetória. Ana Terra, Bibiana e Maria Valéria cuidam da casa e das crianças, mantendo a família em segurança enquanto os homens fazem a guerra e se envolvem em disputas políticas, afinal trata-se de uma região de fronteira e com o país ainda em formação.

Érico Veríssimo é um autor sóbrio com um estilo narrativo fluente e agradável, ele constrói uma histórica lírica e heróica. Em meio a batalhas e entreveros, disputas políticas, idealismo, paixões, encontros e desencontros, traça um painel da história da Região Sul do Brasil, com seus hábitos e sua cultura própria.
 
"'Sempre que me acontece alguma coisa importante está ventando' - costumava dizer Ana Terra. Mas entre todos os dias ventosos de sua vida, um lhe ficara para sempre na memória, pois o que sucedera nele tivera força de mudar-lhe a sorte por completo. (...) Ana Terra era capaz de jurar que aquilo acontecera na primavera, porque o vento andava bem doido, empurrando grandes nuvens brancas no céu, os pessegueiros estavam floridos e as árvores que o inverno desira, se enchiam outra vez de brotos verdes."

Essa é uma das minhas passagens preferidas do livro e ao longo de toda a narrativa o vento é citado, pontuando os momentos mais significativos e importantes da narrativa.

Érico Veríssimo não glorifica os comportamentos tipicamente associados ao gaúcho, tais como o machismo exacerbado, é antes de tudo um crítico dessa identidade mas abraça o ideal gauchesco do destemor e da luta pela liberdade. 

Autoria de Cris Aragão.

2 comentários:

  1. Para ser bem sincero não conheço a obra e nesse primeiro contato por meu de seu texto, Cris, pude perceber que traça a história do Brasil em sua narrativa.

    Parabéns pelo texto.

    Atenciosamente,
    R.s.Merces

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  2. Olá Renan!

    Não me lembro de ter lido nada do Érico, mas posso estar pois todas as escolas que estudo adoravam mandar ler clássicos brasileiros. Memórias de um sargento de milicias, Iracema, O cortiço, e por aí vai. Mas este livro me parece mesmo o retrato do sul, assim como A casa das sete mulheres.

    Beijos!
    Tesouro Literário

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